terça-feira, 19 de abril de 2011

Páscoa: sentimento de libertação


Estamos em quadra festiva, os cristãos, seguidores da doutrina de Jesus Cristo, comemoram a Páscoa, lembrando a paixão, morte e a ressureição do anunciado “Messias”, o filho de Deus que um dia viria ao mundo dos homens, para os seus crentes poderem obter a libertação do “pecado”.
Páscoa, siginifica “passagem” e já se celebrava muito antes do nascimento de Jesus. Os judeus já comemoravam nesta data a libertação e fuga do seu povo escravizado no Egipto.
Quando da sua morte, Jesus Cristo teria ido a Jerusalém comemorar a Páscoa, onde falou ao seu povo e de encontro aos muitos seguidores da sua doutrina. Esta nova mensagem de Deus, agora pronunciada por Jesus, era baseada no amor infinito entre os Homens, representando na Terra, o amor a Deus.
Jesus Cristo, com a sua entrega para a morte, pretendeu dar ao mundo uma lição de amor entre todos nós, pois com aquele acto, Jesus Cristo salvaria o mundo do “pecado” e resgataria todos aqueles que, por via do amor infinito, alcançariam a vida eterna.
Nesta data festiva da Páscoa, tal como no Natal, as pessoas estão mais “amorosas”, mais sensíveis e parecem mesmo estarem mais bem dispostas. Quando passam por alguém conhecido, repetem em forma de rotina “Boa Páscoa” e como resposta recebem uma expressão sorridente a retribuição das mesmas palavras.
Os mais religiosos, são aqueles que melhor comemoram os acontecimentos da Páscoa. Participam nos eventos Pascais, convidam as pessoas mais chegadas para estarem com eles e ainda, pedem a sua presença nos actos religiosos que agora se comemoram.
O sentimento e a palavra de todos os seguidores da religião cristã, baseiam-se na vida, morte, ressureição e vida eterna de Jesus e no exemplo que nos deu na sua passagem pela Terra. Resta-nos seguir a sua palavra “amai-vos uns aos outros como Eu vos amei” e ter muita fé, que tudo de bom vai acontecer a todos aqueles que pregarem a palavra de Deus e praticarem o amor infinito que Jesus nos ensinou.
Várias religiões cristãs e outras que não reconhecem Jesus como sendo o “Messias”, escolhem bons oradores, pessoas que têm o dom divino da palavra, para fazerem passar a mensagem de Deus.
A partir da pregação da palavra de Deus e mesmo concordando-se que Deus seja o mesmo para todos, gerou-se uma concorrência de religiões e qualquer pessoa mais “iluminada” cria uma nova religião.
Cada uma delas tenta “recrutar” para si os pregadores melhores falantes, com o tal dom “divino” da palavra, afim de retirar das outras religiões os fiéis que até ali acreditavam que a sua religião é que era a certa. Então troca-se algo que nos ensinou a doutrina da fé e do amor por outro algo que nos ensina precisamente o mesmo, mas de outra forma, ou melhor, com outras palavras.
No entanto os pregadores, os chamados ministros, pastores, oradores, irmãos, etc., aqueles que têm e aplicam bem o dom da palavra e ainda os outros que não tendo este dom, são verdadeiros seguidores da fé, verificam que com os seus dons, não conseguem transformar as palavras em obras.
A maior parte dos fiés limita-se a fazer parte de uma religião, porque isso lhes dará notoriedade, ouvem a pregação da fé, frequentam os templos onde se venera e adora o Deus em que dizem acreditar. Mas, o principal pilar da sua fé, o amor para com os outros, na prática é esquecido, logo após deixarem o local de oração.
Se, pelo menos, as pessoas que frequentam os locais de culto divino que juram servir a Deus, seguissem na prática a sua doutrina, à muito tempo que se viveria na Terra, aquilo que os crentes em Deus, ambicionam viver no Céu.
A prática do bem e do amor que ouvimos através da palavra divina, não se limita apenas a pertencermos a esta ou áquela religião ou se não estivermos satisfeitos com esta ou com aquela, mudarmos para uma outra.
Praticar o bem e o amor não é só frequentarmos regularmente e sermos vistos nos actos religiosos. Não é só darmos aos pobres aquilo que já não precisamos ou um cabaz com alimentos oferecido a alguém pela Páscoa ou pelo Natal, que às vezes nem é entregue aqueles que mais precisam, mas aos que mais aparentam precisar.
Praticar o bem e o amor é possibilitar aos outros, ao próximo, como nos ensinaram, as oportunidades a que todos temos direito, mesmo que os outros sejam pobres, pensem diferente de nós ou tenham outra formação.
Para praticar o bem e o amor não basta abrirmos as portas ao próximo, é preciso convidá-lo a entrar e dar-lhe o seu lugar a que tem direito. Já instalado, o nosso próximo tem os mesmos direitos e obrigações que nós mesmos, é preciso indicar-lhe o seu caminho, pois ele é igual a nós e também o saberá percorrer.
Praticar o bem e o amor, é passarmos das palavras aos actos; é sermos activos, trabalhando e produzindo para nós e na mesma proporção para aqueles que disso estão fisicamente impedidos ou não tenham minimamente capacidade.
Os que tem vocação para liderar pessoas, devem ser justos e bons mestres e permitir que outros também possam seguir as suas passadas. Por norma, as pessoas desempenham cerca de metade das suas capacidades, em esforço podem atingir os oitenta por cento. Isto deve-se à sua pouca motivação e tem origem na falta de reconhecimento do seu trabalho. Reconhecer que os outros também são gente, também é praticar o bem e o amor.
O bem e o amor propaga-se pela humanidade quando deitarmos por terra a inveja, o ódio, a violência, o ciúme, a superioridade e tudo o mais que possa impedir com que os outros também tenham as mesmas oportunidades que nós.
O nosso próximo não precisa das nossas dádivas, precisa, isso sim, que também tenha a sua oportunidade.

Vamos esperar para ver...

Carlos Brito

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