segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Amor, trabalho e lazer


Algumas pessoas que têm diferenças físicas em relação aos que se dizem normais, dão a estes muitas lições de vida e vivem com muito mais entusiasmo do que muitos daqueles que não têm qualquer deficiência. Costumo contar uma história de um homem
que não tendo sapatos para calçar, exibia os seus pés sujos a toda a gente
que por ali passava. Sentado num pequeno muro de uma praça bastante concorrida de pessoas que visitavam um monumento muito importante e conhecido, ia pedindo esmola
a este e àquele e de vez em quando alguém lhe dava uma moeda, a qual ele com cara muito triste, ia agradecendo aos seus benfeitores.

Numa tarde soalheira de Primavera, quando muitos transeuntes por ali passavam, um deles dirigiu- se ao mendigo e perguntou-lhe o que fazia ele ali sentado, num dia tão bonito de Sol. O pedinte, admirado com a pergunta, olhou para o homem e respondeu: peço esmola, meu amigo, porque não tenho dinheiro para comprar sapatos para calçar.

O outro, bastante indignado, questiona-o se é só por isso que pede esmola e sentando-se ao seu lado, tira as próteses que lhe substituem os pés e disse ao pedinte:
O senhor tem pés, apenas precisa de os lavar, pode trabalhar e ganhar dinheiro para comprar sapatos. Eu, e apontou para as pontas das suas pernas amputadas, não tenho pés, no entanto vivo feliz com a minha forma física. Procurei trabalho e vivo a minha
vida sem estar dependente das esmolas daqueles que como eu, trabalhando, se esforçam para obter rendimentos para si e para a sua família viverem dignamente.

Como aquela cena se tinha passado ali mesmo junto de mim, logo perguntei
ao homem que tinha a deficiência física, qual a sua motivação para conseguir ter tanta auto-estima em si próprio para falar ao pedinte daquela forma.
Ele contou-me que também foi muito difícil quando, devido a um acidente de automóvel, lhe amputaram os dois pés. Nunca desistiu de viver e a partir dessa data, com a ajuda das próteses, vive uma vida normal, nunca se deixando cair pela fraqueza da dependência.
Para se sentir de cabeça levantada, além das próteses que lhe vieram dar de novo os seus pés, agarrou-se a três forças que considera fundamentais para a existência da humanidade: AMOR, TRABALHO E LAZER.

Depois do acidente, este homem tornou-se muito mais humano e muito mais Homem. Sabe aplicar o Amor em todos os seus actos.
O Amor é uma afeição viva pelas pessoas e pelas coisas que vimos e sentimos.
O Amor é viver com paixão por aquilo e aqueles que amamos.
Amor é coragem para dizermos e realizarmos o que sentimos e que sabemos ser capazes.
O Amor é o zelo e a dedicação que incutimos nas nossas tarefas e nos objectivos que
desejamos para os nossos trabalhos.
O trabalho uma actividade física e intelectual através da qual visamos atingir os objectivos, mas com prazer, usando nele as técnicas de gestão e organização que nos permitem obter melhores resultados.

O trabalho é a contrapartida da existência, sem ele não seria possível adquirirmos os nossos bens e termos à nossa disposição os serviços que diariamente precisamos.

O lazer vive-se tão intensamente como o Amor e o trabalho vivendo os tempos de lazer sem sentimento de prejuízo que possa causar nas suas outras ocupações.
Existe tempo suficiente para nos dedicarmos intensamente ao amor, ao trabalho
e aos períodos de lazer. Infelizmente, é preciso haver acidentes na vida das pessoas para sentirmos que poderemos viver a nossa vida em pleno, desde que apliquemos diariamente estas três forças: O AMOR, O TRABALHO E O LAZER.
Foi uma grande lição que aprendi naquele dia e ajudou-me a compreender melhor que aquelas três forças juntas, formam uma nova força, a energia positiva que nos transmite felicidade, dignidade e confiança para vivermos cada dia, todos os dias, em estado
de bem estar e excelência no trabalho.

Estas forças só serão vitais para a nossa felicidade se as conhecermos bem, se aprendermos a estar com elas e se realmente as utilizarmos em toda a sua plenitude. O que normalmente acontece é limitarmo-nos a saber que elas existem!

Carlos Brito

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