sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Figuras de Natal


O Natal está por aí a chegar. Já tudo e todos festivamente se preparam para o receber. As ruas começam a enfeitar-se, variando de terra para terra conforme os usos e costumes e noutras também conforme o orçamento financeiro para pagar as iluminações de Natal. As figuras luminosas convidam ao passeio à noite pelas ruas das vilas e cidades iluminadas. Nas aldeias é mais raro existir a oportunidade de assistirmos a ruas com iluminação de Natal, só no caso em que exista uma Junta de Freguesia ou habitantes com orçamento próprio para pagar os serviços de iluminação das ruas.

A ideia de iluminar as ruas tem uma grande vertente comercial e pretende motivar as familias a sair de casa, mesmo nas noites mais frias, e fazerem as suas compras de Natal nas suas terras. As grandes superficies, comungando das mesmas ideias, gastam “fortunas” a enfeitar com luzes o seus Centros Comerciais, tentando trazer para eles os “afortunados” que com outro poder de compra, podem fazer as suas compras de Natal e adquirir artigos mais imponentes e por isso mais caros.

Para o comércio tradicional, normalmente, restam os “outros” que ainda têm dinheiro para mandar cantar um cego e como não precisam de o gastar nisso, lá compram qualquer “coiseca” nas lojas da sua terra.

Nesta quadra festiva do Natal, todos nós ficamos a parecer bonzinhos, pena é que muitos esqueçam os lojistas seus conterrâneos, seus vizinhos, seus amigos e até seus familiares, deslocando-se para fora da sua terra fazer as compras de Natal, indo atrás da “Estrela” que os guia até aos bolsos bem iluminados dos poderosos Centros Comerciais. Estes espaços apenas fazem o que lhes compete e em nada devemos estar contra, as pessoas é que devem saber escolher onde deixar o seu dinheiro e onde pretendem criar a riqueza.

Mas, pondo as compras de parte, na época natalícia, somos mesmo bonzinhos de verdade. Já não andamos com aquela cara stressante dos outros dias, já sorrimos e essencialmente já cumprimentamos as outras pessoas e para sermos mais bonzinhos, não vá parecer que o cumprimento seja só fachada, ainda paramos um pouco quando passamos por alguém e muito satisfeitos dizemos para o outro: “Boas Festas”. A outra pessoa também muito boazinha nesta quadra de Natal, logo se apressa também a responder na mesma moeda, não vá os outros pensarem que ele nesta quadra natalícia não é uma pessoa boazinha.

Na verdade, verdadinha mesma, o que eu penso realmente e quem me conhece bem sabe que penso isto, todas as pessoas, sem excepção, são boas. As pessoas apenas têm o Natal para mostrar que são boas, durante o resto do ano não existe forma, nem lugar, nem pessoas onde possamos depositar e demonstrar a nossa bondade que cada um tem em abundância.

Todos desejamos dar o que temos e sabemos, coisas que não nos fazem falta e que se as partilharmos, receberemos outras de volta muito mais valiosas e se assim procedêssemos sempre, cada vez estávamos mais ricos.

Esta realidade da partilha tanto serve para coisas materiais, como para a sabedoria e ainda para o amor, especialmente o amor ao próximo.

Este é segredo da partilha que um dia iremos entender melhor, até lá resta-nos fazer estas figuras de Natal...

Carlos Brito

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