O relógio biológico, também conhecido pelo relógio da vida, regista os ritmos biológicos da vida animal e vegetal. A ciência que estuda os ritmos fisicos periódicos de todos os seres vivos, é designada por cronobiologia.
Este relógio biológico permanece silencioso dento de cada um de nós e nem sequer nos apercebemos da sua existência.
Desde os tempos da antiguidade que a observação de certas ocorrências biológicas que ocorriam de forma constante e em ciclos com a mesma duração, levou ao estudo desta ciência. Embora se tenha anteriormente constatado todo esse movimento de fenómenos fisicos e bioquimicos, só no século XVIII, surgiram as primeiras descrições sobre a existência de relógios biológicos. No entanto somente no seculo XX, a cronobiologia foi aceite pela comunidade científica internacional.
As primeiras descrições dizem respeito a plantas que ora levantam as folhas, ora as deixam cair, ora se abrem ora se fecham, num ciclo emitem cheiros noutros não, de acordo com as horas.
As observações referente aos animais são também muito antigas, nomeadamente os ritmos que dizem respeito ao comportamento, como os que estão relacionadas com os ciclos do sono e da vigília. De salientar também nos animais os comportamentos referente aos períodos férteis e não férteis e às migrações contantes e cíclicas que algumas espécies fazem em determinadas épocas do ano, com o fim de se alimentarem ou reproduzirem-se.
No seguimento de estudos já efectuados, verificou-se que estas e outras constatações eram altamente sugestivas da existência de relógios nos nossos organismos. A descoberta destes relógios e conhecimento dos respectivos mecanismos, só a conseguimos fazer nas últimas décadas, graças à existência de tecnologias que permitiram o avanço no conhecimento de novas metodologias de pesquisa.
Assim, sabemos que temos efectivamente relógios biológicos, em várias partes do nosso corpo, havendo um relógio central que tenta manter a sintonia do conjunto, no sistema nervoso central do cérebro. Segundo os mesmos conhecimentos adquiridos, pode hoje saber-se com certeza que todos os seres vivos na Terra estão adaptados aos ciclos correspondentes dos movimentos da Terra que marcam o dia de 24 horas, com a sucessão dia-noite, os chamados ritmos circadianos.
O movimento da Lua em torno da Terra que marca o mês lunar e da Terra em torno do Sol que marca as estações do ano, relacionam-se com a constatação de outros fenómenos fisiológicos. Assim, os relógios biológicos permitem aos seres vivos anteciparem a necessidade de preparação para determinadas actividades, as que as condições do tempo vão permitir.
Um aspecto muito interessante e importante do funcionamento dos relógios biológicos é o que diz respeito ao seu acerto dos sinais externos. Um dos sinais mais importantes é a luz solar que indica o dia, mas outros existem também, como por exemplo, a ingestão alimentar.
Sem qualquer informação do ambiente, nos casos em que se colocam pessoas numa cave sem luz natural, sem relógios e sem qualquer indicação do que se passa no exterior, a duração dos ciclos vai-se alongando: em cada dia as pessoas adormecem cerca de uma hora mais tarde e a certa altura estão completamente fora do ciclo habitual. Verifica-se, assim, que o nosso relógio biológico que marca o ritmo diário, é diariamente acertado pelos sinais do ambiente.
Até há relativamente pouco tempo, o Homem, como ainda hoje acontece com a generalidade dos outros seres vivos, teve o seu tempo em sincronia com o tempo natural: de noite dormia e de dia andava fora à procura de alimentos, a passear ou a realizar outras actividades diunas.
A conquista tecnológica foi criando condições para se sair deste ritmo natural, enquanto perturbações agudas dos ritmos causam ao Homem mal-estar que lhes rouba a possibilidade de passarem pela vida sendo ainda mais felizes.
O sono e o cansaço que sentimos quando nos levantamos e que continua quando estamos a trabalhar, a dificuldade em dormir quando se quer dormir, são sintomas que nos fornecem sinais para mudarmos o tipo de vida, se não o fizermos, os efeitos deste tipo de práticas, ao longo tempo, podem ser muito nocivos para a saúde.
Estamos sempre a tempo de ir ao encontro do nosso bem estar !
Carlos Brito
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