Esta questão do dinheiro interessa-nos muito. Quase toda a gente trabalha por dinheiro, embora também digam que trabalham porque gostam de trabalhar.
Mas, afinal, o que precisamos de fazer para obtermos o tal dinheiro que toda a gente fala e o que será, então, o dinheiro? Quando pensamos bem na resposta, não conseguimos responder, pois cada um tem a sua ideia sobre o dinheiro e formas diferentes de o obter. Alguns, mais tradicionais, ainda usam o meio mais conhecido, ou seja, pelo lucro do seu trabalho, mas existirão, por certo, outras formas de “fazer” dinheiro.
Ao dinheiro chamamos-lhe de tudo. Desde bago, metal, cobres, pilim, ouros, aéreos, guita, ferro, jarda, avo, grana, massa, arroz, aquilo com que se compram os melões, cão, guito, chêta, chapa, melim, prego, etc.
Conforme a ocasião, assim o dinheiro também muda de nome: para os funcionários - vencimento; para os médicos - honorário; para os empregados - ordenado; para os soldados - pré; para os trabalhadores do campo - jorna; para os prestamistas financeiros - juro; para os queixosos - indemnização; para as noivas - dote; para os beneméritos - legado; para os accionistas - dividendo; para os magistrados - emolumento; para os intermediários - comissão; para os segurados - prémio; para os autores - direitos; para os reformados – pensão; para os operários – féria; para os cobradores – cobrança; para os párocos – côngrua; para os comerciantes – lucro; para os serventes – gorjeta; para o herdeiros – herança; para o Estado – impostos. Existe ainda a questão de sabermos qual o nome que se dá ao dinheiro para os preguiçosos...não é preciso pensar muito.
Tudo isto vem a propósito de sabermos qual será realmente o preço do dinheiro. Não sabemos se será mesmo a trabalhar que se obtém o dinheiro ou se é utilizando outras práticas. A verdade é que o dinheiro tem um preço, tudo o que se vende tem o seu preço.
Por dinheiro vende-se tudo, mesmos as coisas que não são de modo nenhum vendáveis. Raras são as pessoas que resistem ao preço do dinheiro. A vida em sociedade obriga-nos a tomar essas decisões de venda. Tudo fazemos para obtenção do “vil” metal que manda e orienta os nossos destinos.
A nossa carreira profissional, o nosso percurso de vida, as pessoas entre si, desviam-se pela procura constante desse recurso quase mais essencial à vida do que o ar que respiramos, pois pelo dinheiro sobrevivemos deixando de parte a coisa mais bela que qualquer ser humano pode concretizar que é viver.
Por dinheiro se sobrevive, por dinheiro se morre e chegámos ao ponto de muitas vezes termos de decidir vender a nossa própria vida, pois em tantas situações somos confrontados com a situação de quem não mata morre. Sobreviver é uma morte lenta e anunciada, é estarmos ligados a um cabo condutor que nos conduz apenas a uma vida sem estímulos e sem objectivos.
O meu apelo vai sentido de começarmos a pensar numa nova era em que o dinheiro não seja nosso dono e senhor. Quem não o tem e quem não tem oportunidade de o obter não pode viver num regime de escravidão que nos obriga a ver no dinheiro a nossa estrela de salvação e o nosso único meio de sobrevivência.
O nosso planeta é forte em abundância de recursos, quase todos eles estão mal distribuidos. A sociedade tem como missão proceder à sua distribuição equitativa e solidária entre todos, sem excepção, o mínimo exigível é que cada um cumpra a sua parte.
Carlos Brito
Sem comentários:
Enviar um comentário