Tendo há uns anos visto na televisão, o filme “O Planeta dos Macacos”, veio dar-me inspiração para este texto. O filme conta a história do declínio do homem como ser superior e rei de todos os animais, passando para os macacos o poder de governar o mundo.
Com o decorrer dos tempos, a evolução vai adaptando o reino animal e vegetal às novas realidades que vão surgindo ao longo dos anos. Os animais e as plantas vão-se instalando nos melhores lugares do planeta, onde abundam mais e melhores alimentos e condições de subsistência. Onde se sentem mais seguros dos predadores, embora as presas, mantenham o equilíbrio, sendo cada uma das espécies, presas e predadores ao mesmo tempo.
Excepto o homem, todos os animais precisam de caçar para comer. O ser humano caça por desporto e quando caça para comer não é por primeira necessidade. O homem como ser superior do reino animal, mata o seu semelhante em guerras, desavenças, ciúmes e por “dá cá aquela palha”, não se entendendo pela via da palavra e da razão.
É desse “homem” que escrevo; a evolução está repentinamente a fazer do homem um ser inferior. Estamos a perder o respeito pelo próximo, nosso semelhante. As novas gerações estão a caminhar para o declínio. Uma após outra, estão a ser para aí encaminhadas pela geração anterior. A cada nova geração que vai surgindo, substituindo as mais velhas, vamos deixando perder as nossa tradições, os nossos costumes, os nossos gostos, a nossa educação, a nossa arte e a nossa profissão.
Não temos tempo para conversar com os nossos filhos e não lhes transmitimos a parte boa da vida. Eles só nos vêem a correr e a discutir coisas sem sentido. Passamos o tempo esquecendo-nos de nós, a tentar ganhar dinheiro para os sustentar os nossos filhos; os filhos dos outros que não trabalham que vivem à custa dos que trabalham; todos aqueles que vivem à custa do Estado, que é sustentado por todos nós que trabalhamos, que pagamos impostos e criamos riqueza.
Trabalhamos para sustentar os grandes negócios modernos, onde em cada fim de mês, vamos entregar a maior parte do nosso salário: é a prestação do carro, é a prestação da casa, é a prestação das obras em casa, é a prestação do crédito que pedimos ao nosso banco, é a prestação do crédito que pedimos por telefone, é a prestação do crédito que nos ofereceram por carta, é a prestação da compra dos móveis, é a prestação da compra dos electro-domésticos, são as compras mensais que fazemos nos grandes hiper-mercados que pagamos a pronto e onde compramos tudo o que precisamos e o que não precisamos, mas que somos levados a comprar. São as compras que fazemos a crédito na mercearia perto de nós onde vamos, quando já não temos dinheiro. São as compras de roupa de uma determinada marca que os amigos dos nossos filhos vestem e cujos pais são mais pobres do que nós. São as despesas dos estudos dos nossos filhos.
Estamos a caminhar para o declínio da raça humana, por má formação de ensinamentos dos nossos antecessores. Crescemos sem nos apercebermos dos limites, quanto custa a vida, como se ganha dinheiro, pois tudo parece cair do céu.
Os jovens, durante infância e adolescência, estão fechados na escola e depois em casa frente ao computador. Não andam a pé, para o que o corpo humano foi e está preparado e que, por isso, se ressente, manifestando dores e má disposição. Não passeiam pelos campos, não sentem o deslumbrar da natureza, não apreciam os melhores alimentos para uma boa nutrição. Não namoram, conquistando o sexo oposto, este é que se entrega, não lhes permitindo o prazer da conquista.
Chegada a idade adulta ou encontram uma actividade onde possam estar ocupados ou passam os dias sem fazerem nada de útil, pois não lhes é ensinado que um dias eles também terão a sua vida própria. Aí resta-lhes criar maus hábitos e passar uma vida dependente de vícios e à custa dos outros.
Quem vai substituir as gerações que ainda trabalham, que ainda respeitam o próximo, que formam os mais novos, que gerem os negócios, que nos governam com justiça, distribuindo os bens e serviços do Estado a todos por igual ?
Salvo algumas excepções que felizmente ainda se encontram, as novas gerações não estão preparadas para enfrentar em pleno a vida profissional. Quando frequentaram a formação escolar, obtiveram aí uma preparação deficiente, pois a escola no seu conjunto, não conseguiu formá-los e prepará-los para o passo seguinte: ocupar o seu lugar na sociedade, isto é, trabalhar e contribuir para o seu bem estar e dos outros que formam a sociedade em que vivemos.
Quando recrutados para o trabalho, não entendem as tarefas que lhes são propostas, realizando bem, apenas as mais fáceis e tendo muita dificuldade em realizar as tarefas em que têm de pensar como fazê-las. Esquecem-se de as realizar em todo ou em parte. Aborrecem-se e reclamam quando são chamados à atenção; dizem que todos nos esquecemos de qualquer coisa, que errar é humano e mil e uma desculpas que todos já, certamente, ouvimos.
A raça humana tem de encontrar novos métodos de formação diferentes do ensino tradicional. Temos de proporcionar às novas gerações a frequência de escolas onde, aos programas escolares, teremos de juntar actividades cívicas e profissionais. Está em causa a nossa sobrevivência como seres humanos, inteligentes e racionais.
Carlos Brito
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